Da "Arte da Música", de Jorge de Sena (ouvindo- eu - a versão de Neville Marriner, com a Academia e Coro de St Martin in the Fields:
"REQUIEM" DE MOZART
I
Ouço-te, ó música, subir aguda
à convergente solidão gelada.
(...)
II
Ó música da morte, ó vozes tantas
e tão agudas, que o estertor se cala.
Ó música da carne amargurada
de tanto ter perdido que ora esquece.
Ó música de morte, ah quantas, quantas
mortes gritaram no que em ti não fala.
(...)
(16/4/1962)
Depois disto, escrever o quê?
4 Comments:
O próprio Requiem, ainda não! Ainda tens muitos anos antes de começar a pensar nisso. :)
que associação feliz, apesar de tudo!
Será possível compreender o jornalismo? E os jornalistas? E a relação dos jornalistas com os leitores? Estrela Serrano, ex-jornalista , ex-assessora da Presidência no tempo de Mário Soares, professora universitária e actual membro da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, publicou recentemente um interessante e vivíssimo livro sobre estes temas (e outros afins), o qual merece ser lido por jornalistas e não jornalistas. Merece mesmo.
Quando estive presente na sessão de lançamento da obra, prometera a mim próprio escrever sobre o livro (logo, sobre essa temática). E, após reler os textos que, enquanto provedora dos leitores, ela publicou no DN esse desejo cresceu. É que eles são deveras estimulantes para jornalistas e para não jornalistas. Mas o tempo corre, os temas que um quinzenal cronista, como hoje sou, vai agendando em mente vão-se acumulando e, no dia de cumprir calendário, muitas vezes um tema mais actual ou mais à mão cavalga o outro. Foi o que sucedeu comigo - e daí só hoje ter metido mãos à obra.
A Estrela Serrano tem uma vantagem óbvia, ao abordar estas temáticas: já esteve do lado de fora e do lado de dentro, conhece o mundo dos media na sua diversidade e riqueza e - porque não dizê-lo? - na sua perversidade. E estudou e estuda esse mundo do ponto de vista teórico. Os textos do seu Para Compreender o Jornalismo (assim se chama o livro, editado pela Minerva) resultam de um saber de experiência feito, de alguém que encara o jornalista e o leitor sem o deslumbramento de um ou a indignação fácil do outro. E, por isso mesmo, é capaz de, a uns e a outros, dar o nome às coisas.
Dar o nome às coisas não é tarefa fácil, sobretudo por não ser entendível, na sua simplicidade, pelo jornalista e/ou pelo leitor.
De um modo geral, os jornalistas não amam o provedor. Serem criticados ou censurados pelo provedor nas páginas do "seu jornal" é encarado, normalmente, como humilhação pública. O leitor, por seu lado, espera do provedor aceitação automática da sua eventual razão de queixa - e verificar que tal não sucede não aumenta a sua estima por ele. Mesmo assim, estou crente, pela experiência que tenho das redacções (e não falo apenas da minha experiência no DN), que a maioria dos jornalistas riscaria com o maior gosto o provedor do mapa do jornal. O que talvez não seja verdadeiro para a maioria dos leitores.
Somado o que atrás expus, talvez tenhamos como resultado a indiscutível utilidade da figura do provedor, na sua função de regulador e de (que palavra escolher?)... educador. De uns e de outros. Na sua crónica semanal, naquele número de caracteres que o jornalista olha por vezes de soslaio, o provedor, armado apenas do poder da palavra, rectifica excessos, critica erros de quem faz notícias. E o mesmo singelo poder lhe serve para fazer justiça ao reparo ou à queixa do leitor ou lhe explicar - explicando o jornalismo e a relatividade da tarefa do jornalista - o porquê da sua não razão e o porquê da correcção do texto jornalístico posto em dúvida. Neste sentido, o provedor é um mediador e um pedagogo. Jornalistas e leitores aprendem com ele e essa aprendizagem é determinante para que uns e outros entendam quanto, como sublinha Estrela Serrano, "o jornalismo só faz sentido quando se relaciona com a sociedade".
Faço parte da minoria dos jornalistas que pensam haver um crescente divórcio entre jornalismo e sociedade. Algo que não transparece nos jornais ou nos inquéritos de opinião porque, como corporação que são, os jornalistas não se questionam muito a si próprios e, se o fazem, não o transferem muito para o conhecimento do leitor. Que diabo!, admitir pública e sistematicamente o erro seria injectar no leitor a dúvida sobre a credibilidade do jornalismo e dos media - algo que, além do mais, seria comercialmente desastroso.
De um modo geral, o jornal diário ou semanário, quando erra, remete o reconhecimento do erro para as pouco lidas páginas de "cartas do leitor" ou "cartas ao director" - e, por isso, nalguns casos, esse sintético repositório de queixas ou de rectificações é uma terrível sentença sobre a credibilidade de certas peças jornalísticas. Nas televisões (com excepção recente e honrosa da RTP), nem provedor há. E é sabido quanto é mais determinante, na formação da ideia do leitor sobre pessoas ou eventos, um título ou um texto incorrectos do que uma lacónica emenda escondida nas páginas de cartas. Que dizer então de uma imagem manipulada ou mal usada? Porque, na sociedade de hoje, face ao enorme poder dos media e dos jornalistas, o cidadão é, na generalidade, um ser desarmado.
Se os jornalistas tivessem obrigatoriamente de estar "do outro lado", apenas algumas semanas, teriam a exacta noção da crueldade irreversível de uma notícia errada ou mal defendida, ética ou deontologicamente; se os leitores pudessem estar, por uns dias, ao lado do jornalista decerto compreenderiam melhor a sua missão e a terrível "tensão permanente entre a incerteza e a exactidão", de que também fala Estrela Serrano no seu tão interessante livro. Lê-lo é, de certa forma, para uns e para outros, "estar de outro lado", compreender melhor e mais. E, ao escrever isto, estou a sublinhar a importância do papel do provedor
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