quinta-feira, maio 13, 2010

aguadas tardes na lembrança antiga
doridas tardes
na ruína das memórias frias

a solidão é a grande cama da cidade
quando as folhas principiam a cair e
as árvores deixam o ar lavado
na nudez fria dos seus ramos

outra vez a solidão
quando a casa, vazia da espera
suspira no aprumo das janelas

ouvem-se as águas tardias e
rasgam-se as mãos nos vértices das paredes
as mãos sangram e
lavam-se depois na nudez das árvores.

(ouve-se ao longe o choro de uma criança ausente)