domingo, maio 31, 2009

Estive, claro, apesar de aposentado, ontem na manif de profs, em Lisboa. À vinda, surgiu-me esta reflexão:
Está a nascer agora nas escolas, com as tomadas de posse dos novos directores, uma coisa nunca antes vista em Portugal: lautos jantares de festa, convidados de honra: aquilo que eu chamo a "entronização". É uma forma de institucionalizar uma "coisa" mais ou menos híbrida (se aquilo é eleição democrática, vou ali e já venho!. Mas o mais espantoso é que "eles" gostam e têm sempre ao redor uma "corte" que adora (e os adora!), parece que quase todos acham isto não só normal, como bom. Espanto-me! Mas, já que se trata de entronização, eu sugeria um acrescento: porque não também os directores adoptarem um nome, posteriormente seguido I, II, etc... como os Papas? Sugeria a alguns, que bem conheço, começassem por ALEXANDRE I , o nome adoptado pelo pai Bórgia, e a outros, também meus conhecidos, que principiassem por INOCÊNCIO I. Tínhamos completa a festa de arromba!
E viva o velho!

quinta-feira, maio 21, 2009

Os bem pensantes acham bem que se grave uma aula, porque no limite... Então, no limite faço eu a justiça! No limite, tudo é válido!
Atenção: não aprovo conversas daquelas numa aula: mas mais atenção ainda: o que se passou realmente? A verdadeira realidade é a dos meios de comunicação? Parece que começa a ser. Se calhar sempre foi... lembra-se daquela cena em Macondo, do massacre, nos Cem Anos de Solidão?

sexta-feira, maio 15, 2009

de cinza se veste o campo
mortalha antiga e necessária
a posteriores ressurreições

(enregelados, ao redor do fogo
os homens agasalham-se com a fala das mulheres)

a noite chega no cansaço
vestido de samarra
e os homens vestem copos de vinho
para melhor aceitarem as palavras das mulheres
tristes que estão ao redor do lume
com o corpo ausente há muito tempo

(os berros agressivos
ferem as mulheres como navalhas e
elas não se queixam)

as mulheres sangram e
choram sem lágrimas
e os homens têm os olhos cegos
dos vestidos pretos

(alimentam-se com o leite paciente)

quarta-feira, maio 13, 2009

dizia, há dias, um pedinte:

um gajo cansa-se de pensar na morte

disse e aquietou quem o ouviu
disse e sossegou

cansarmo-nos da morte é não morrer

cansarmo-nos da morte é não pensar
no labirinto da vida

que amarga as horas que deviam ser felizes

cansarmo-nos da morte é o labirinto
em vontade de o percorrer
de, percorrido, o destruir
de, destruído, chegar a ser pedinte
neste gesto grato de o ser

segunda-feira, maio 11, 2009

caminho em busca das palavras
com que poderei construir a minha casa

no deserto das palavras nuas
escolherei as mais fortes para o alicerce
as mais esguias para as colunas
as mais elegantes para as janelas e
para os umbrais das portas as mais duras

faltar-me-ão, depois, as palavras para o tecto:
ficarei ao relento até chegarem.

domingo, maio 10, 2009

Confesso que não gosto de concursos de TV. Do tal do "Quem que ser Milionário" vi dois ou três e cheguei a irritar-me... Hoje vi um filme com esse tipo de concurso como mote, um indiano filme e muito interessante ( o interesse não tem nada a ver com concursos!), e aconselho a visão de tal filme. Com um senão: se fosse eu a escrever aquela história, tê-la-ia terminado no momento em que perguntam ao miúdo,Quer arriscar a última cartada, e ele diz que sim, mesmo sem saber a resposta (que até era a mais fácil para nós, europeus!)e não daria ao leitor (caso fosse um livro, repito) um final feliz, mas antes lhe deixaria uma dúvida e uma preocupação: é que, perante a onda de entusiasmo que um miúdo pobre, daquele modo espalha por toda a sua população, ele já não pode recuar e tem de ir até ao fim. Ganha, não ganha? Eu deixaria isso para o leitor decidir... Continuo a pensar que os grandes livros são os que deixam ao leitor grande margem criativa. Mas se calhar estou enganado! O que vejo por aí a triunfar é a banalidade do oposto!

quarta-feira, maio 06, 2009

Descubro, cada dia, mais maravilhas de Machado de Assis:

"-Ao vencedor, as batatas!"