terça-feira, abril 25, 2006

Há 32 anos eu acreditava.
Hoje, com ou sem comemorações, continuo a acreditar!

quinta-feira, abril 13, 2006

(Leio em HÚMUS, do mestre Raul Brandão - PAPÉIS DO GABIRU - 30 de Dezembro):

A vida é tecida como o linho: um fio de dor, um fio de ternura. Eu intrometo-lhe sempre um fio de sonho.Foi o que me perdeu.

(Depois, em Herberto Helder, HÚMUS - material: palavras, frases, fragmentos, imagens, metáforas do Húmus de Raúl Brandão. Regra: liberdades, liberdade.):

Pátios de lajes soerguidas pelo único
esforço da erva: o castelo -
a escada, a torre, a porta,
a praça.

(e mais adiante):

.............................. Ouve-se
a dor das árvores.

quarta-feira, abril 12, 2006

Está aí a Páscoa... e os pessegueiros são das primeiras árvores a anunciá-la. Na terra onde vou passar uns dias poderei não encontrar já muitas flores de pessegqueiros, mas reencontrarei de certeza um velho que muito as amou e me ensinou a amá-las... um daqueles homens sem os quais a nossa construção do mundo não teria sido a mesma.

Na terra dos pessegueiros floridos
vive um homem simples:
gosta do campo e dos pêssegos,
planta pessegueiros nos dias de sol,
os pessegueiros florescem antes da aparição das folhas e
depois nascem pêssegos bonitos.
O homem vende os pêssegos que não come,
sofre ao despedir-se deles
como se vendesse uma parte de si e
consola-se com o vinho que compra
com o dinheiro dos pêssegos.
Vai envelhecendo, ora ébrio ora sóbrio,
sentado no chão olhando as tenras flores dos pessegueiros.
Quando morrer será levado numa carruagem de flores
puxada por fogosos cavalos de vinho,
terá saudades do cheiro das flores antes dos pêssegos.
Foi pobre?
Não o foi, soube dominar o tempo desocupado
e, sem flores nem vinho, regressará feliz
à terra onde durante anos
plantou tantos e tantos pessegueiros.